Vivemos em uma sociedade excludente, isso não parece ser novidade para
muitos de nós. Sabemos a realidade que rodeia a sociedade, sabemos que alguns
parecem nascer com “sorte”, outros parecem vim ao mundo para passar dificuldades,
porque nada que façam parece ser
suficiente para alcançar o mínimo de condições dignas de sobrevivência.
Parece injusto, na verdade é injusto. Paramos
para pensar, o que justifica a sorte que alguns têm de conquistar o mundo,
viver e ter do bom e do melhor enquanto outros se quer tem um teto para morar?
Ao nosso redor vemos a mídia afirmar, o êxito
que alguns alcançam por seu esforço, vemos exemplos de pessoas que superaram as
necessidades e alcançaram o sucesso profissional e assim a realização pessoal,
já que no estágio da sociedade em que vivemos realização pessoal é praticamente
sinônimo de ter dinheiro e poder consumir. Mas o que explica o fracasso de
alguns? Se parece ser tão fácil alcançar o auge da carreira financeira, ou pelo
menos uma instabilidade, por que muitos preferem passar necessidades e não se
esforçam mais?
Para a manutenção do capitalismo se faz
necessário manter as desigualdades sociais, para sustentabilidade do ciclo de
dominados e dominantes. O sucesso
e o fracasso de um indivíduo não ocorre
simplesmente por sua vontade, seu
próprio mérito ou por seu esforço para conquistar seus objetivos. Existem
vários fatores que influenciam diretamente na repercussão da vida de um
individuo. Esses fatores baseados na teoria escrita por Pierre Bourdieu poderíamos denominar de capitais. A ausência de poder aquisitivo, o chamado capital
econômico, a falta de um capital social,
que seria as influências que o indivíduo ou a família possuem no meio, capital cultural que nada mais é do que
atributos que o individuo possui que a sociedade ver como diferencias
necessários e o capital simbólico, que seria soma destes citados, faltando pelo menos um desses atributos,
dificilmente um individuo alcançara o êxito. Bourdieu critica o discurso da meritocracia desenvolvendo a teoria do capital
humano. Ele acredita que o discurso da meritocracia é uma falácia, por esconder
a realidade fática da sociedade contemporânea afirmando que o individuo é
responsável por si mesmo, por sua carreira e seu sucesso.
Quanto mais o indivíduo possuir poder econômico, influência
social, bons hábitos e atributos valorados pela sociedade, maior será a
possibilidade para o alcance de seu sucesso. É claro que existem exceções, mas o sistema
pretende que cada vez mais essas exceções desapareçam. A mídia, o direito e a
ciência são instrumentos de manutenção desse sistema opressor.
Nós,indivíduos também somos responsáveis pela manutenção
dessa estrutura, pois reproduzimos o discurso e aceitamos a realidade imposta a
nós. Vemos grandes riquezas nas mãos de poucos, enquanto a maioria pouco
possui. O individuo é visto como uma
força produtiva, um ser que serve apenas para gerar riquezas, o grande problema
é que essa riqueza não é bem distribuída, até porque não é interessante para
aqueles que possuem o controle da manutenção desse sistema que haja igualdade
entre todos. A grande intenção é que eles sejam apenas um instrumento de
manutenção da ordem e que continuem a gerar riquezas das quais dificilmente
irão usufruir se não dispuserem de atributos descritos na teoria dos capitais.